sábado, 17 de agosto de 2013

A Liberdade é Vermelha

Os protestos dos últimos meses, mais do que qualquer outra coisa, serviram para comprovar que o povo organizado é capaz de mudar o país. Ainda que não tenham sido feitas mudanças profundas, nas estruturas do capitalismo brasileiro, algumas conquistas pontuais foram obtidas, em especial no Rio de Janeiro, estado no qual as manifestações ainda demonstram força.
A queda da popularidade de Sérgio Cabral foi, ao nosso ver, uma grande vitória, pois enfraqueceu politicamente o PMDB carioca, esmagando, ao menos temporariamente, qualquer pretensão presidencial que ele tivesse, bem como a candidatura do Pezão ao governo estadual.
Mas isso trouxe alguma mudança de fundo? Não, a próxima eleição ainda ser´disputada entre os representantes da burguesia e provavelmente será marcada por um show de promessas vazias e despolitizadas, as quais os candidatos sequer pretendem tentar cumprir.
Assim, o caminho está claro, caminho é a luta, é o socialismo.

A quem o INPI deve servir?

O INPI é uma autarquia federal única responsável no Brasil pela concessão de títulos de propriedade intelectual, em sua maioria do tipo industrial. Dentre suas atribuições está o registro de marcas, de programas de computador, de topografia de circuito integrado, de desenho industrial; a averbação de contratos de transferência de tecnologia (pois implicam no pagamento de royalties ao exterior); o reconhecimento de indicações geográficas e a concessão de patentes. Estes títulos privados se dão aos seus titulares direitos de uso exclusivo, verdadeiros monopólios privados, sobre nomes, aparências e invenções, cujo uso por terceiros deverá lhes ser remunerado.

O INPI, em razão do tipo de atividades desempenha e suas consequências financeiras sobre a economia brasileira, como a facilitação da remessa de capital para multinacionais estrangeiras, deveria fazer com o que o órgão fosse considerado estratégico para o Estado Brasileiro. A atuação do INPI, ao nosso ver, deveria estar intrinsecamente ligada aos objetivos fundamentais da República, materializados no texto constitucional nos seguintes pontos
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Lamentavelmente não é isso que ocorre...

O INPI, infelizmente, parece valorizar mais a simples prestação de serviço burocrática com foco no "cliente-requerente" e não no "cliente-povo brasileiro". A voz das multinacionais e dos grandes escritórios de propriedade intelectual se faz ouvir ensurdecedora nos corredores do Instituto. Entidades representantes de interesses privados estrangeiros, como a AMCHAN e a BIO, tem apoio da direção do órgão para fazer propaganda de seus interesses econômicos dentro da instituição, visando a mostrar a maneira que julgam "correta" de examina pedidos de seu interesse.

Não vemos trabalhos sendo desenvolvidos pela direção da casa para estimular a proteção da propriedade intelectual de brasileiros, muito pelo contrário. As ações desta direção sempre tem apontado para a centralização das atividades no Rio de Janeiro, esvaziando as representações nos estados e fechando todos os escritórios do interior do Brasil, o que dificulta o acesso da população à proteção da propriedade intelectual.

Agora vemos a ABPI clamar pela "modernização" do INPI, através da ampliação de sua autonomia em relação ao governo e pela sua submissão a um conselho composto por entidades privadas... ora, tal proposta conflita diretamente com as atividades do instituto, afinal o trabalho de exame necessita de imparcialidade, o que jamais será possível se o comando efetivo da instituição estiver na mão de grupos privados. Nos tornamentos carimbadores de papel virtuais, meros estivadores da propriedade intelectual, sem direito ao exercício crítico e independente de nossas capacidades profissionais.

Assim, nos causa tristeza e consternação ver que o INPI, uma autarquia federal, é aplaudida por entidades estrangeiras e criticada por brasileiras... afinal, a quem devemos servir? A sociedade brasileira ou ao lobby dos grandes grupos econômicos multinacionais?

Para nós a resposta é clara: O INPI deve servir ao Brasil e ao seu povo, jamais a interesses estrangeiros.

E agora JB?

No direito penal brasileiro, uma lei só é aplicada contra um acusado se o crime ocorreu após ela entrar em vigor.Ocorre que o Joaquim Barbos (JB), para condenar os mensaleiros, "se enganou" quanto a data do crime, colocando a situação em dezembro de 2012, para receber os efeitos de uma lei que entrou em vigor em novembro.
O problema é que o envolvido morreu em outubro, 2 meses antes do que o JB havia dito e 1 mês antes da lei entrar em vigor... Ou seja, os condenados deveriam ser punidos (sim, devem ser punidos sim) mas a luz da lei anterior, a lei que vigia no momento dos fatos, sob pena de desrespeitar a própria constituição.
O discurso raivoso do JB de que não se pode voltar atrás em um flagrante erro judicial é muito grave! Se isso se tornar a regra, inocentes serão condenados e culpados serão soltos, mesmo com provas em contrário.
Não se trata de inocentar os acusados ou puni-los, mas sim fazê-lo da forma correta: dentro da lei. A Veja/Globo/Folha não podem mandar mais do que o direito e a própria constituição.